Chapéus da Vida
#35 Dois dias depois do enterro de minha mãe, comprei um chapéu Panamá.
Olá.
Hoje é sexta-feira e eu me flagro, no Youtube, procurando vídeos de torcidas de futebol.
Entre uma abraço em um desconhecido (que virá), uma página, um gole e um bj, boa leitura e bom fim de semana.
CHAPÉUS DA VIDA
Dois dias depois do enterro de minha mãe, comprei um chapéu Panamá.
Mamãe tocava piano, lia clássicos, em sua casa o serviço era à francesa, tinha dedos longos e nutria silenciosas expectativas com relação à vida dos filhos.
Minha primeira viagem à Florença foi obra de seu testamento: datas sugeridas, roteiros definidos, explicações histórico-culturais anotadas e o respectivo valor consignado. Tudo em palavras educadas.
– Acho que você deve ir. Vai fazer bem pra você – afirmou papai, com voz baixa e jeitão de quem já sabia, antes da leitura pelo Oficial do Cartório, da vontade de mamãe.
Três anos mais tarde, em minha segunda viagem à Florença, no caminho entre o Museu de Dante e a Ponte Vecchio, uma caminhada de sete minutos, na Via Porta Rossa, 40 - lembro bem, encantado, comprei um Borsalino, meu segundo chapéu.
Nunca usei nenhum dos dois.
Sempre imaginei que iria usar chapéu a partir de algum momento especial; uma situação qualquer que justificasse, aos olhos de todos e aos meus próprios, afinal, o adereço.
Estou em casa há um ano, vivo, pensando na vida. Amanhã, começo a usar meus chapéus. Mamãe iria gostar.
Vitor Bertini
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Borsalino® é a mais antiga marca italiana de chapéus de luxo, fundada em 1857 na cidade de Alessandria, Piemonte, por Giuseppe Borsalino;
Filha do Millor, a frase “livre pensar é só pensar”, começa a ganhar linhas no meu canto no Twitter: @vitorbertini - you are welcome;
Notícia. Esta é uma publicação de ficção. Todos os personagens e suas circunstâncias são ficcionais. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.