Eu e o Tempo
#27 - Adotei, faz tempo, o tempo como aliado – eu e ele enfrentamos quaisquer outros dois.
Olá.
Hoje é domingo, pede cachimbo
Não seja besta, hoje é sexta
O cachimbo é de barro, bate no jarro
A sexta é de ferro, bate no berro
O jarro é de ouro, bate no touro
O berro é de amor, bate na dor
O touro é valente, machuca a gente
A dor é funda, dói na bunda
A gente é fraco, cai no buraco
A bunda é nossa, salve-se quem possa
O buraco é fundo, ‘cabou-se o mundo
Quem possa não é besta, hoje é sexta.
Entre uma cantiga de roda, uma página, num gole e um bj, boa leitura e bom fim de semana.
EU E O TEMPO
Em frente à casa onde eu morava tinha uma praça.
A Praça Pinheiro Machado fica na frente da casa onde passei minha infância e esse é seu nome, Praça Pinheiro Machado.
A praça tinha uma área cercada com instalações esportivas e, se bem me lembro, um depósito para materiais de manutenção, uma área externa com gramados e um colégio público. Tinha também um monumento dedicado a alguma data cívica e uma placa de bronze dizendo, temeroso respeito de todos nós, “PROIBIDO PISAR NA GRAMA”.
Adotei, faz tempo, o tempo como aliado – eu e ele enfrentamos quaisquer outros dois.
Fazia tempo que não visitava a Praça Pinheiro Machado: vandalizaram tudo, roubaram a placa de bronze e mataram a grama.
Mandei fazer uma placa nova: “PROIBIDO PISAR NA ESPERANÇA”. Eu e o tempo ainda voltaremos na Praça Pinheiro Machado.
Vitor Bertini
Lembrou de alguém?